Em 2003 o mundo do cinema ainda estava se recuperando do sucesso estrondoso de Homem-Aranha no ano anterior. Os filmes de super-heróis estavam definitvamente de volta. Era a "retomada" do cinema baseado em quadrinhos. Pensando nisso que os estúdios decidiram correr atrás de todos os heróis disponíveis no mercado. Era só uma questão de tempo até o Homem Sem Medo ganhar a sua versão para as telonas.
Mas com a pressa de capitalizar no sucesso de Homem-Aranha, Demolidor é um filme com momentos altos e baixos, pendendo perigosamente para o último.
O protagonista vivido por Ben Affleck é Matt Murdock, um advogado que perdeu a visão ainda criança devido a um acidente, porém seus demais sentidos ficaram extremamente aguçados. Seu pai é um ex-lutador que trabalha para a máfia de Nova York, e quando se recusa a cumprir a ordem de um chefão, ele é assassinado. Murdock, jurando vingança, cresceu para se tornar um advogado ao lado de seu melhor amigo, Foggy Nelson (Jon Favreau, futuro diretor de Homem de Ferro), e durante a noite, sair pelas ruas fazendo justiça com as próprias mãos sob a identidade do Demolidor. Os sentimentos de Murdock porém são abalados pela chegada da bela e misteriosa Elektra (Jennifer Garner), por quem se apaixona. Mas a felicidade será curta pois a família de Elektra tem pendências a pagar para Wilson Fisk (Michael Clarke Duncan), que também é conhecido como o Rei do Crime.
O filme foi dirigido e escrito por Mark Steven Johnson. Os primeiros 30 minutos do filme indicam que teremos mais um ótimo filme baseado em quadrinhos. O personagem principal é bem apresentado, bem como o seu modo particular de "ver" tudo ao seu redor através das vibrações do som, como se fosse um radar. Apesar de não ficar muito claro como Murdock conseguiu confeccionar sua roupa de Demolidor e suas armas, é de se aplaudir a engenhosidade da vida caseira dele. Tudo é devidamente etiquetado em Braille, e sua "cama" é um tanque de privação de sentidos, desses cheios de água, onde ele mergulha de forma apenas a deixar seu rosto para fora, para que sua super audição não o atrapalhe enquanto dorme.
Mas depois da meia hora inicial do filme, o que parecia ser um filme bem pesado, sombrio e violento, descamba para a ação absurda e um romance mal desenvolvido entre Elektra e o Demolidor. Os atores não parecem à vontade nos papéis, embora eu seja um dos poucos a apoiar a escalação de Affleck como Demolidor. Os demais atores se resignam a fazer caras e bocas e dizer suas falas sem emoção, em especial Colin Farrell e seu caricato Mercenário. Os efeitos especiais são bons e a fotografia cria um clima interessante, quando não cai no clichê. A trilha sonora incidental é fraca, e serve apenas de ferramenta de exposição para músicas de bandas como Hoobastank, The Calling e Evanescence, essas sim combinando com tom do filme, particularmente as do Evanescence.
Em resumo, Demolidor - O Homem sem Medo é um filme com bons momentos, visual legal, e um bom protagonista. Mas no fim das contas, um romance mal desenvolvido, e cenas de ação que não combinam com o tom da história e do personagem acabam sabotando o próprio filme, que tinha tudo pra ser ótimo. Do jeito que saiu, é apenas um filme legal.
Veja aqui o trailer do filme.
Cotação: **1/2
No próximo post: Hulk
Engraçado como eu sempre vejo os trailers dos filmes, antes de comentar aqui e PQP, como eram 'mal produzidos'... OK, eram bons na época!
ResponderExcluirDareDevil é um filme bacana, que me empolgou quando saiu, mas hoje eu passo longe. Realmente ele empolga até a cena de luta com Elektra no parquinho, mas os 'robos' Colin Farrell e Michael Clark ficam a desejar...