domingo, 31 de julho de 2011

Movie Comics #8 - Constantine (2005)

"E se eu te dissesse que Deus e o Diabo fizeram uma aposta pelas almas da Humanidade?"

Já confesso que nunca li um gibi da série Hellblazer. Apenas conheço na superfície as histórias de John Constantine, personagem criado pelo gênio dos quadrinhos Alan Moore para o selo de quadrinhos adultos da DC Comics, a Vertigo. Só lembro que na época do lançamento do filme, os fãs dos quadrinhos nem chegaram a propor um boicote. Quase fizeram uma rebelião na sede da Warner, produtora do filme. Mas o barulho é compreensível. O Constantine do gibi é loiro e britânico. No cinema, ele se tornou americano e ganhou o rosto do astro Keanu Reeves. Não sei do nível de fidelidade de Constantine com o gibi original.

Porque o filme em si é uma jóia rara em Hollywood por sua ousadia.




John Constantine não é o seu típico protagonista de um filme rotulado como "super herói". Constantine tem uma moral questionável, xinga tudo e todos, é grosso com mulheres e fuma mais do que o limite que um ser humano normal aguenta. Mas Constantine não é normal. Sofrendo de visões do inferno desde criança, Constantine tenta cometer suicídio e passa por uma experiência de quase morte. No inferno. Disposto a tudo para comprar sua passagem para o Paraíso, mesmo sabendo através do arcanjo Gabriel (Tilda Swinton) que ele não conseguirá, Constantine procura um caso que lhe conceda de vez a sua vaga no céu, já que sofre de um câncer violento de pulmão e tem pouco tempo de vida restante.



Entra a policial Angela Dodson (Rachel Weisz) cuja irmã gêmea, Isabel, cometera suicídio em um hospício. Religiosa, Angela quer salvar a alma da irmã do fogo eterno, e pede a ajuda de Constantine para saber o que aconteceu. A resposta irá desmascarar um plano macabro que envolve anjos e demônios unidos, determinados a trazer o Inferno para a Terra.



A química de Keanu Reeves e Rachel Weisz é construída aos poucos e logo passamos a nos identificar com eles e torcer por seus personagens. Reeves interpreta Constantine como um homem cansado de tentar mudar o que não pode ser mudado, e só espera o seu julgamento final. Já Weisz empresta um toque de fragilidade interessante à Angela. Enquanto ela começa o filme como uma mulher forte e determinada, à medida que vai descobrindo a existência de seres demoníacos que andam escondidos em plena vista, faz com que a moça se sinta bastante perturbada e assustada, embora demonstre ser uma mulher corajosa.

Vale destacar o excelente elenco de coadjuvantes do filme. Shia LaBeouf traz um leve alívio cômico ao filme com o jovem parceiro de Constantine e Djimon Hounson comanda a tela em pouco mais de cinco cenas que seu personagem, o bruxo Papa Midnite, aparece no filme. Tilda Swinton empresta suas feições andróginas para o arcanjo Gabriel,  causando um certo desconforto no espectador, e Gavin Rossdale aproveita ao máximo seu pouco tempo de tela como o sinistro demônio Balthazar. Destaque também para Pruitt Taylor Vince como o pertubado padre Hennessy, Max Baker como Beeman e a excelente ponta do veterano Peter Stormare como Lúcifer, dividindo com Keanu Reeves as cenas com os melhores diálogos do filme.



Este foi o primeiro filme do diretor Francis Lawrence. Veterano dos videoclipes (ele é o diretor de Pump It, do Black Eyed Peas, e Bad Romance, de Lady Gaga), Lawrence imprime um tom sombrio na narrativa e deixa os atores à vontade em cena, extraindo ótimas atuações de seu elenco afiado nos diálogos ácidos do filme, que discutem frequentemente sobre o relacionamento entre Céu e Inferno, e sua influência na humanidade. Ainda que o ritmo do filme se arraste um pouco no terceiro ato, a história mantém o interesse e os efeitos especiais são ótimos, com destaque para a ambientação do Inferno como se fosse uma cidade atingida constantemente por uma bomba nuclear.

Com um roteiro afiado, atores de qualidade, direção firme e efeitos de primeira geração, Constantine pode ser um dos filmes que mais se distanciou da sua obra original. Mas quer saber? Não li o gibi mesmo...

Veja aqui o trailer do filme

Cotação: ****

No próximo post: Batman Begins

Um comentário:

  1. "Não li o gibi mesmo..."
    E to contigo! Também não li, mas esse é uma dos melhores filmes de 'herói' que eu conheço.

    Ácido, podre e ao mesmo tempo sagaz em contar a eterna briga Céu/Inferno de uma maneira mais realista, digamos.

    Tenho o DVD em casa e busco por um 'novo' Constantine sempre que precisar! E acho que foi o único filme de 'terror/horror' que vi nos cinemas porque EU quis!

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