Na minha humilde opinião, todos os blockbusters que estão nos cinemas atualmente são discípulos de Batman Begins. Esta obra é o que se pode chamar de um verdadeiro divisor de águas na indústria cinematográfica, ajudando a popularizar o conceito de reboot e de abordar temas absurdos com realismo. Desde então, as franquias 007, Jornada nas Estrelas, X-Men e Homem-Aranha foram reiniciadas no cinema. Enquanto os três anteriores foram bem sucedidos (o reboot do Aranha só estreia ano que vem), Batman Begins continua sendo até hoje, um dos maiores exemplos de como uma fênix realmente pode renascer das cinzas.
Depois de quatro filmes extremamente irregulares e de qualidades duvidosas, os fãs do Batman já tinham jogado a toalha para um possível filme novo que respeitasse a sua fonte original: os quadrinhos. Isso foi até o ano de 2003, quando um jovem cineasta britânico chamado Christopher Nolan enfiou a cara na Warner Bros. com um pequeno portfolio e várias ideias sobre como ele poderia conduzir um reinicio da série Batman no cinema, apresentando o herói para uma nova plateia, ao mesmo tempo respeitando os gibis. A Warner topou, e Nolan começou a trabalhar intensamente no filme, que viria a ser lançado em junho de 2005.
O resultado é simplesmente sensacional. Quando saí do cinema, senti que havia acabado de presenciar o melhor Batman de todos os tempos. Uma impressão que mantenho mesmo depois do lançamento da continuação, O Cavaleiro das Trevas. (Mas isso é assunto pra outro post, OK?).
Em toda minha vida em que fui, e sou, fã do Homem-Morcego, jamais havia assistido a sua origem contada de maneira tão visceral e realista. O roteiro, escrito por Chris Nolan junto com David S. Goyer não se limita apenas a mostrar a morte dos pais de Bruce Wayne (Christian Bale) e depois já mostrar Wayne vestindo a armadura de Batman, combatendo criminosos, como muitos filmes, desenhos e gibis fazem. Entre o assassinato dos Wayne, até o surgimento do Batman, a história entra numa discussão extremamente relevante para podemos compreender a existência de alguém como Batman
O que separa a justiça da vingança? Na primeira metade do filme, Bruce Wayne quer apenas vingança. Quer se aproveitar da primeira chance que tem para poder matar o algoz de seus pais. Ele só não consegue porque as circunstâncias permitem que outra pessoa mate este homem por causa de problemas com o mafioso Carmine Falcone (Tom Wilkinson). Quando Bruce revela à sua amiga de infância e advogada Rachel Dawes (Katie Holmes) a sua intenção de matar o bandido, ela o repreende de forma dura, e é Falcone quem faz Bruce enxergar que o seu sofrimento não é o único em Gotham. Depois disso, ele viaja o mundo para tentar entender a mente criminal, e passa a compreender o outro lado da moeda, o lado do criminoso.
Aos poucos Bruce começa a entender que ele não precisa de vingança. Não mais. Seu objetivo passa a ser justiça, fazendo com que ele se rebele contra o seu mentor Henri Ducard (Liam Neeson) e volte para Gotham City para exercer essa justiça, mas não como um homem. Como um símbolo.
O que me traz a outro tema interessante que o filme traz: o medo. A frase que dá início ao post é magnífica por justamente provar que Bruce assumiu a máscara do seu próprio medo. Ele reverte o medo para os seus inimigos, que tremem à menor menção do nome "Batman". O medo é o tema que move o filme, sendo o motivo que Bruce assume o manto de Batman e também é a principal arma dos vilões do filme, que pretendem usar o medo como forma da cidade desmoronar em si mesma, causando o caos total.
É claro que o roteiro do filme não apresenta esses temas sem uma ótima dose de ação e aventura. Batman nunca esteve tão bem quanto neste filme, botando seus inimigos no chinelo e praticamente levando suas pobres vítimas ao terror absoluto com o mero som de sua voz. E Christian Bale é o ator perfeito para mostrar esses vários lados de seu personagem: o Bruce normal, o Bruce de fachada fútil e arrogante e é claro, Batman. Mas convenhamos que Batman não seria nada sem fiéis parceiros para tornar a vida do morcegão mais fácil. O lendário mordomo Alfred (Michael Caine) se apresenta nas horas certas para salvar tanto Batman quanto o seu querido patrão Bruce. O cientista Lucius Fox (Morgan Freeman) ajuda a transformar o herói em uma verdadeira máquina de guerra com seus equipamentos de última geração, e o sargento James Gordon (Gary Oldman) é quem facilita a vida de Batman para a polícia, enquanto se ajudam para salvar a cidade que amam, formando uma grande amizade no processo.
Já Rachel Dawes é a última esperança de Bruce continuar tendo a sua humanidade intacta, mesmo se vestindo de morcego todas as noites e enfrentando vilões terríveis, entre eles, o Espantalho (Cillian Murphy) cuja arma principal é um gás que acentua justamente o maior medo da pessoa atingida por ele. E apesar de crer que todo mundo já sabe no fim das contas quem é o verdadeiro vilão do filme, basta dizer que a reviravolta em relação ao personagem era totalmente inesperada, e me pegou desprevenido na época que eu assisti o filme.
A história do filme se baseia bastante nos arcos de quadrinhos "Ano Um" de Frank Miller, e levemente em "O Longo Dia das Bruxas" de Jeph Loeb e Tim Sale. O que me agrada bastante em Batman Begins é seu tom realista misturado com uma leve irrealidade que nos lembra o tempo todo que estamos assistindo a filme de super herói. O plano maior dos vilões é algo que poderia ter saído diretamente da série animada do início dos anos 90. E já que considero aquele desenho a melhor coisa que a TV já produziu, vou considerar isso como uma qualidade. E pela primeira vez na história da humanidade, o Batman NÃO É ofuscado pelos seus vilões. Afinal, o nome do filme é Batman Begins, e não Ra's Al Ghul Begins, porra! Parte da minha estranheza com o segundo filme parte disso... mas isso fica pro post sobre O Cavaleiro das Trevas, right? (Antes que comecem já a me jogar pedras, eu AMO aquele filme ok? Só acho Batman Begins melhor)
Com um visual magnífico, ação de primeira linha, ótimos atores, roteiro na medida e uma direção sólida, Batman Begins é simplesmente um dos meus Movie Comics favoritos, e é um imenso prazer reassisti-lo sempre que eu posso.
Fan art maravilhosa inspirada nos cartazes de "Star Wars" desenhados por Drew Struzan |
Veja aqui o trailer do filme
Cotação: *****
No próximo post: V de Vingança
Begins é um divisor de águas para o cinema.
ResponderExcluirEu amo esse filme igual amo as HQs do morcego e olha que ver cada tela ali é entrar na história (bem contada!) de um ícone mundial.
Também acho BB, melhor que TDK pelo fato de não ter a expectativa que teve o segundo. Não tem o melhor vilão, mas o melhor roteiro, sem todo o caos gerado.
Begins sempre será lembrado.
In Nolan We trust!